Abrava alerta sobre os perigos da Legionella e Qualidade do Ar

Fonte: INFRA

Por: ABRAVA

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Cerca de 5000 pessoas morrem por ano no Brasil vítimas da legionellose, e a falta de manutenção e limpeza de torres de resfriamentos estão entre as principais causas

A Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava) chama a atenção da sociedade para a Legionella, bactéria que afeta diretamente a saúde ocasionando um tipo de pneumonia que tem levado cerca de 5000 pessoas por ano no Brasil a óbito e o motivo tem sido ignorado pelos responsáveis. A falta de manutenção, do tratamento da água e limpeza das torres de resfriamento estão entre as principais causas da doença e a responsabilidade está nas mãos de gestores de áreas como de facilities, segurança, engenharia, RH, entre outras. O cumprimento das normas e decretos existentes permite que os riscos com a saúde e qualidade do ar que se respira sejam minimizados, reduzindo desta forma malefícios causados a população, entre eles o óbito.

Para Eng. Leonardo Cozac, associado do Qualindoor “o número de casos de doenças relacionadas à bactéria Legionella no Brasil é muito superior aos casos registrados de dengue e tuberculose. Como não é uma doença que exige notificação pelos hospitais, os médicos tratam a maioria dos casos como virose. Diante desta epidemia quero ressaltar a importância da manutenção das torres de resfriamento, que neste caso da bactéria pode salvar vidas. A sociedade tem que estar atenta as exigências necessárias para a garantia de uma qualidade do ar adequada ao conforto e a saúde”.

De acordo com dados obtidos no SUS – Sistema Único de Saúde do Ministério da Saúde estima-se que morrem por ano cerca de 5.000 pessoas de legionellose (pneumonia causada pela legionella) no Brasil. Quando se fala em Legionella no país o fato marcado na história foi em 1998, ano da morte do então Ministro Sérgio Motta que teria contraído a bactéria e vindo a óbito por pneumonia. Na época, a causa apontada foi relacionada à falta de manutenção no sistema de ar condicionado o que resultou na publicação da Portaria 3.523 de 28/08/1998, fato que regulamentou o assunto no país.

Desde então o tema Legionella não saiu da pauta nas comunidades técnicas especializadas, muito se evoluiu com as publicações da Resolução 09 da Anvisa, a NBR 16401 (projetos de ar condicionado), NBR 15.848 (qualidade do ar interno) entre outras, todas visando melhorias nos sistemas de ares-condicionados e consequentemente a qualidade do ar interno que as pessoas respiram no dia a dia. De acordo com o Qualindoor – Departamento de Qualidade do Ar de Interiores da Abrava, cada ser humano respira cerca de 10 mil litros de ar por dia.

Os problemas relacionados aos impactos da Legionella estão relacionados à falta de informação e pouca fiscalização dos órgãos competentes. Vale ressaltar que a Legionella não está relacionada apenas a sistemas de ares-condicionados, e sim, a qualquer sistema de água, pois a bactéria é um microrganismo que vive na água, aumentando o risco quando aspergida em forma de partícula como aerossol ou nuvem de água, fato presente no dia a dia em locais como fontes decorativas, umidificadores, chuveiros, máquinas de lava-jato, nebulizadores de ar, ventiladores com aspersão de água, torres de resfriamento e diversos outros casos que permeiam o dia a dia da sociedade moderna.

Quando respirada a bactéria vai direto para o sistema respiratório, podendo causar pneumonia ou febre Pontiac. As pessoas idosas ou com problemas respiratórios estão entre o maior grupo de risco. A principal preocupação dos especialistas é que muitos dos pacientes infectados são diagnosticados apenas com uma pneumonia grave, sem que exames mais detalhados sejam feitos e possam detectar que na realidade trata-se da bactéria Legionella, fato que poderia contribuir de forma a evitar que novas mortes por conta da localização do foco da bactéria e principalmente a forma de tratá-la.

E como evitar a Legionella?

Quando relacionada ao um sistema de ar-condicionado, a melhor forma de prevenção dessa doença é fazer avaliação de riscos de Legionella nas edificações existentes. Para tanto, o PMOC – Plano de Manutenção, Operação e Controle é uma exigência da portaria 3.523 do Ministério da Saúde de 28/08/1998 e da Resolução nº 9 da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de 16/01/2003, e também é um mecanismos que auxilia no controle da qualidade do ar de interiores.

O PMOC se aplica a todo estabelecimento que possua sistema de climatização artificial, com o objetivo de assegurar a correta manutenção dos aparelhos. O Plano segue o formato de um diário de bordo de um sistema climatizado, demonstrando todas as etapas e ocorrências de sua manutenção. Entre os artigos, destaque para o 6º que diz que os proprietários, locatários e prepostos, responsáveis por sistemas de climatização com capacidade acima de 5 TR (15.000 kcal/h = 60.000 BTU/H), deverão manter um responsável técnico habilitado.

A aplicação do PMOC é de responsabilidade dos gestores das seguintes áreas: facilities, segurança, engenharia, RH, entre outros. A Abrava alerta sobre a contratação de empresas de manutenção e análises, pois é necessário que sejam reconhecidas por órgãos competentes como o INMETRO, e que tenham o conhecimento e a responsabilidade da correta aplicação do plano para que os riscos sejam minimizados.

A Abrava recomenda um passo a passo para uma avaliação de condições das torres de resfriamentos:

1 Efetuar a avaliação de risco da Legionella com empresa especializada, sendo o objetivo de identificar, gerenciar e proliferação da bactéria.

2 Executar periodicamente as análises de Legionella por empresa reconhecida pelos órgãos competentes e certificada pelo INMETRO.

3 Implantação e acompanhamento do PMOC.

4 Manutenção periódica dos sistemas de água através de tratamento preventivo.

5 Reduzir a exposição das pessoas a sistemas que geram água em aerossol.

A ABNT tem em andamento um grupo focado no risco da Legionella, que estará avaliando o tema tendo como base a nova norma da ASHRAE 188 que diz que Legionellosis: Risk Management for Building Water Systems.

Vale lembrar, que a Legionella não está ligada apenas aos sistemas de ares condicionados, e sim em qualquer sistema de água, para tanto a Organização Mundial da Saúde desenvolveu o conceito do Plano de Segurança da Água para Edificações.(PSA).

No Brasil existem dois livros importantes sobre o tema: “O mal dos legionários diálogo entre o Direito Ambiental e o Direito Sanitário” , autora Dra Mirian Gonçalves Dilguerian, e *Legionella na visão de especialistas” diversos autores – www.legionellaespecialistas.com.br

Sobre Alexandre Lara

Alexandre Fontes é formado em Engenharia Mecânica e Engenharia de Produção pela Faculdade de Engenharia Industrial FEI, além de pós-graduado em Refrigeração & Ar Condicionado pela mesma entidade. Desde 1987, atua na implantação, na gestão e na auditoria técnica de contratos e processos de manutenção. É professor da cadeira de "Operação e Manutenção Predial sob a ótica de Inspeção Predial para Peritos de Engenharia" no curso de Pós Graduação em Avaliação e Perícias de Engenharia pelo MACKENZIE, professor das cadairas de Engenharia de Manutenção Hospitalar dentro dos cursos de Pós-graduação em Engenharia e Manutenção Hospitalar e Arquitetura Hospitalar pela Universidade Albert Einstein, professor da cadeira de "Comissionamento, Medição & Verificação" no MBA - Construções Sustentáveis (UNIP / INBEC), tendo também atuado como professor na cadeira "Gestão da Operação & Manutenção" pela FDTE (USP) / CORENET. Desde 2001, atua como consultor em engenharia de operação e manutenção.
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