Costumo dizer em minhas aulas que a arquitetura, ou melhor, o papel do arquiteto pode impulsionar o resultado de um projeto ou edificação ao sucesso, considerando não somente a condição de menor carga térmica (ar condicionado), menores e mais inteligentes distâncias (cabos alimentadores de elétrica, que possuem uma importante representatividade em custos de obra), maior acessibilidade e facilidades para a manutenção dos ativos (manutenibilidade), entre outros itens.
No entanto, costumo também dizer que todo este sucesso em relação ao projeto deverá, em muitos dos casos, requerer o envolvimento de outros profissionais, uma equipe de “projeto”, que detenha conhecimentos específicos em cada uma das outras modalidades de engenharia e de OPERAÇÃO e MANUTENÇÃO, agregando assim os seus conhecimentos e experiências (lessons learned).
Esta “junta médica” terá grande importância no resultado do projeto como um todo, incluindo o conforto ao ocupante, melhores condições para a sua produtividade e maior desempenho energético.
Vejam a seguir uma matéria de O ESTADO DE S. PAULO sobre o impacto do calor no conforto e produtividade de profissionais que buscaram refúgio em suas residências durante esta pandemia.
Boa leitura!
Fonte: O Estado de São Paulo
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Ventilação e sombreamento de imóveis são importantes para garantir conforto térmico; atenção ao tema é recente, mas tem crescido
Com pandemia e home office, o calor extremo neste mês deixou ainda mais evidente a falta de conforto térmico em parte expressiva das residências. Pesquisadores já comprovaram que situações como as vividas agora se tornarão cada vez mais comuns com as mudanças climáticas, e, portanto, mudar a forma como se constrói e mantém casas, apartamentos e escritórios precisará mudar – e logo.
“Não há mais dúvida, a gente tem de se preparar para isso, para interagir com o clima mais extremo da melhor maneira possível”, destaca a engenheira Denise Duarte, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e pesquisadora de conforto ambiental. Ela menciona a tese de doutorado de uma aluna, na qual foram feitas simulações do panorama climático futuro em apartamentos da cidade de São Paulo.
“Vimos um cenário de aumento de horas de desconforto. Teve um caso que o número de horas em desconforto com o calor aumentou cerca de 250%.” Fora do País, esse quadro também tem preocupado. Denise comenta que em locais como o Reino Unido, por exemplo, as moradias (mais adaptadas para lidar com baixas temperaturas) se tornaram um problema de conforto térmico nas estações quentes.
A professora diz que um projeto precisa sempre considerar o entorno, mapear as possibilidades e características, e ter como aliados a ventilação cruzada (com janelas em diferentes espaços e variações de abertura) e o sombreamento (com vegetação, brises, cobogós, telas, gradis e outras técnicas que limitam a passagem do sol, mas permitem a troca de ar).