Custos de um comissionamento no Brasil…

Embora não se tenha um registro ou alguma estatística que nos mostre o patamar de gastos com o comissionamento no Brasil, alguns palestrantes e especialistas no assunto têm constantemente se apoiado em indicadores norte-americanos, que apontam para gasto de 1% à 4% do valor total de uma obra, no que se refere ao seu comissionamento.

No entanto, é importante ressaltar que este percentual divulgado por alguns profissionais ou entidades norte-americanas inclui em sua composição:

  • A participação de uma autoridade de comissionamento na gestão / condução do processo
  • A contratação de comissionadores (empresas de comissionamento) especializadas para cada modalidade de infraestrutura comissionada
  • Custos de eventuais testes em fabricantes ou laboratórios especializados, no que se refere ao objeto do comissionamento
  • A geração de toda a documentação técnica necessária (evidências, registros, manuais de treinamento, etc)
  • o comissionamento integrado de sistemas
  • A preocupação com a transição entre obra, ocupação e início de operação

No Brasil…

Infelizmente, além de não termos qualquer indicador aqui no Brasil, diria que ainda podemos nos deparar com uma grande distorção real em relação aos indicadores norte-americanos, em função de erros conceituais na prática do comissionamento em nossa realidade local…

  • A figura do gestor e condutor do processo (autoridade de comissionamento) ainda é muito pouco utilizada, além do fato de que não se têm como hábito avaliar a capacidade e experiência técnica na gestão destes processos sobre os contratados
  • Ainda nos deparamos com a falta de cultura e conhecimento do assunto por parte dos proprietários, construtoras e mesmo de instaladoras
  • Ainda se permite a execução de atividades de comissionamento sem planejamento e sem que tenham sido traçados os objetivos a partir de uma análise crítica quanto as expectativas do proprietário, bases de projeto, projetos em todas as suas etapas, etc…
  • Vemos instaladoras realizando “comissionamentos” com pessoal despreparado e sem conhecimento técnico e instrumentação para tal
  • O tratamento ainda “individualizado” de sistemas, sem a visão integrada do edifício e sem olhar para a sua ocupação e operação futura

Como não poderia ser diferente, os resultados por aqui têm demonstrado edificações praticamente não comissionadas, embora tenham uma documentação produzida pelos responsáveis; vemos também edificações parcialmente comissionadas, ou seja, sem a visão integrada e sem que a preocupação com o desempenho de sistemas e do próprio edifício tenham sido adequadamente contempladas no processo.

Enfim, ainda temos muito o que evoluir…

Para aqueles que queiram se aprofundar no tema, recomendo para que consultem alguns importantes guias sobre o tema:

Sobre Alexandre Lara

Alexandre Fontes é formado em Engenharia Mecânica e Engenharia de Produção pela Faculdade de Engenharia Industrial FEI, além de pós-graduado em Refrigeração & Ar Condicionado pela mesma entidade. Desde 1987, atua na implantação, na gestão e na auditoria técnica de contratos e processos de manutenção. É professor da cadeira de "Operação e Manutenção Predial sob a ótica de Inspeção Predial para Peritos de Engenharia" no curso de Pós Graduação em Avaliação e Perícias de Engenharia pelo MACKENZIE, professor das cadairas de Engenharia de Manutenção Hospitalar dentro dos cursos de Pós-graduação em Engenharia e Manutenção Hospitalar e Arquitetura Hospitalar pela Universidade Albert Einstein, professor da cadeira de "Comissionamento, Medição & Verificação" no MBA - Construções Sustentáveis (UNIP / INBEC), tendo também atuado como professor na cadeira "Gestão da Operação & Manutenção" pela FDTE (USP) / CORENET. Desde 2001, atua como consultor em engenharia de operação e manutenção.
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