Sendo este um assunto do momento (roubando até mesmo um pouco da cena em relação ao caos político e econômico no qual vivemos), é inevitável que o abordemos aqui neste blog, preocupados com a continuidade e, de fato, o legado deste evento para as gerações futuras.
Independentemente do que possa parecer uma “dor de cotovelo” ( o porque do Rio de Janeiro?…), temos vários pontos positivos à destacar nestas olimpíadas no Brasil, e no Rio de Janeiro:
- A abertura oficial de “encher os olhos” do mundo inteiro, rendendo-lhes declarações de nobres admiradores ou mesmo céticos
- A tradicional receptividade e o acolhimento dos brasileiros aos turistas (internos e externos), em especial a do povo carioca
- A tranquilidade na qual se conduziu o aspecto segurança nos jogos, surpreendendo-nos inclusive quanto ao quesito agilidade e seriedade (o que não é a nossa realidade no dia-a-dia…)
- A relativa paz em arenas, arquibancadas e espaços externos
- O legado de transportes, ainda que muito centralizado (beneficiando apenas poucas regiões da cidade)
- A não menos linda e “brasileira” cerimônia de encerramento dos jogos, o que certamente colherá bons comentários do mundo inteiro, assim como o fez a cerimônia de abertura
Quanto aos pontos negativos….
- A demonstração de má administração dos recursos, independentemente das “belas arenas”, haja vista que tivemos sérios problemas com o planejamento, o cronograma, a administração do dinheiro e com o descumprimento de promessas importantíssimas como legado, assim como a despoluição da Baía de Guanabara, Lagoa Rodrigo de Freitas, entre outras
- A falha em um planejamento maior para o legado destes jogos olímpicos, a exemplo do que fez Londres, levando um desenvolvimento maior e a “correção de algumas desigualdades” à regiões da capital londrina, incluindo o legado esportivo às crianças e gerações futuras
- O novo receio quanto a qualidade de construções e instalações, haja vista não só a nossa experiência recente com a Copa do Mundo, mas também com o Panamericano (o estádio do Engenhão, como exemplo)
- Novamente, a questão do pensamento restrito ao presente, sem que se olhe para o futuro destas arenas e instalações, especialmente no que se refere a sua operação e manutenção (vejam alguns casos de nossas arenas de futebol, como a de Manaus…)
Por fim, tenho também uma preocupação com a “velha questão da peneira tapando o sol…”, como por exemplo a fala de ontem a noite do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, quando enalteceu a posição do Brasil no quadro de medalhas (o que vejo como correto), vinculando-a, no entanto, à “teóricos” investimentos do Brasil no esporte nestes últimos 7 anos…
Ora, não se deve esquecer que, à exceção de alguns poucos esportes que ainda possuem investimentos PRIVADOS, várias modalidades ainda dependem de investimentos dos próprios atletas e de seu deslocamento para centros mais avançados de treinamento e/ou formação, como ocorre na natação, no tenis, etc…
Considerando também que a maioria das medalhas fora obtida por integrantes das forças armadas, não se deve fechar os olhos para a realidade de que estamos longe, mas muito longe mesmo, de se afirmar que estamos no caminho certo…
Enfim, vejamos como serão conduzidos daqui em diante os movimentos em relação ao desenvolvimento do esporte no país e também no que se refere a administração, operação e manutenção destes espaços criados e/ou retrofitados para as olimpíadas.
Prezado Alexandre, realmente não há como não ressaltar pontos positivos e negativos e a maior dificuldade é saber para que lado a balança vai pender, mas grande parte das notícias não são tão favoráveis para um legado que ficará e como será o aproveitamento de toda essa infraestrutura que ficou. Isso sem contar o quanto deixou de ser feito e o famoso jeitinho Brasileiro que por algumas pessoas foi exaltado. Cabe novamente ver os Japoneses realizando algo e tentar aprender um pouco mais… Excelente texto!
Eu também acredito que este “jeitinho brasileiro” que tanto encanta alguns (pela maleabilidade, flexibilidade e perseverança), torna-se o vilão da história, ao ser utilizado como forma de se “contornar erradamente os obstáculos” e de “se levar vantagem”…
Sem dúvida alguma, o nosso povo precisará enxergar isto e evoluir, embora eu só acredite neste tipo de aprendizado se tivermos leis e fiscalizações mais efetivas, à exemplo do que ocorre no trânsito em algumas cidades, obrigando os motoristas à se educarem.
Infelizmente, o mau exemplo ainda vem de cima….e isto certamente levará um tempo para ocorrer.
Abraços!