Comissionamento “para inglês ver”

Um acerta vez, procurei conhecer a origem desta expressão tão antiga…”para inglês ver”

De fato, ela é muito antiga, pois foi originada durante a fase em que finalmente se abolia uma das maiores marcas negativas na história da humanidade, que foi a escravidão.

Naquela época, sendo o Brasil um dos últimos países à aboli-la, os  ingleses aqui estiveram, mais especificamente no RJ, para constatar que tratava-mos de extingui-la.

No entanto, como isto ainda não era uma verdade consumada, os governantes locais trataram de mover os pobres escravos de seus locais tradicionais  (áreas que existiam perto da antiga zona portuária) para outras localidades, longe da vista dos nobres visitantes.

Assim, quando lá chegaram, viram as horrendas prisões vazias, sem escravos, aparentando que seguíamos o rumo de outros países.

Foi de fato, “para inglês ver”.

Agora, em pleno 2015 e quase 2016, ainda continuamos à fazer jus pelo uso de tal expressão…

Vejam que recentemente, me deparei com mais um empreendimento já encaminhado para a certificação LEED, “descobrindo” que o Agente de Comissionamento quase não esteve em campo, ou melhor, na obra ou construção, limitando-se então à solicitar documentos para a análise e arquivo.

Vejam à que ponto chegamos e como honramos a expressão “para inglês ver”!

Como é possível se tratar um comissionamento sem que este se inicie ainda na fase de concepção e projetos?

Como é possível tratar um comissionamento sem a análise de toda a documentação técnica e sem a compreensão a respeito das expectativas de seu proprietário (do empreendimento)?

Como é possível não especificar um plano de acompanhamento em campo durante as etapas de instalação, assim como não especificar um plano de testes funcionais, de desempenho e integrados para os diversos sistemas comissionados, SEM QUE ESTES SEJAM ACOMPANHADOS E VALIDADOS NO CAMPO…???

 

Por fim, como é possível se concluir o comissionamento sem que todos os requisitos e parâmetros tenham sido respeitados e que toda a documentação final respeite minimamente os requisitos ou pré-requisitos para a adequada e segura Operação & Manutenção, considerando ainda a necessidade de um processo de “passagem de bastão” entre a obra e a operação??

Não é a toa…que andamos (o Brasil) “sob Júdice” pelo USGBC e que talvez em breve, tenhamos auditorias sérias sendo executadas sobre os nossos projetos “certificáveis”!

É ou não é….”para inglês ver“?

Sobre Alexandre Lara

Alexandre Fontes é formado em Engenharia Mecânica e Engenharia de Produção pela Faculdade de Engenharia Industrial FEI, além de pós-graduado em Refrigeração & Ar Condicionado pela mesma entidade. Desde 1987, atua na implantação, na gestão e na auditoria técnica de contratos e processos de manutenção. É professor da cadeira de "Operação e Manutenção Predial sob a ótica de Inspeção Predial para Peritos de Engenharia" no curso de Pós Graduação em Avaliação e Perícias de Engenharia pelo MACKENZIE, professor das cadairas de Engenharia de Manutenção Hospitalar dentro dos cursos de Pós-graduação em Engenharia e Manutenção Hospitalar e Arquitetura Hospitalar pela Universidade Albert Einstein, professor da cadeira de "Comissionamento, Medição & Verificação" no MBA - Construções Sustentáveis (UNIP / INBEC), tendo também atuado como professor na cadeira "Gestão da Operação & Manutenção" pela FDTE (USP) / CORENET. Desde 2001, atua como consultor em engenharia de operação e manutenção.
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