A importância em conhecer os seus ativos de manutenção

Por Alexandre M F Lara

Embora tenhamos programado este post para o mês de julho, algumas viagens de trabalho acabaram por atrasar a sua publicação, o que estamos corrigindo / ajustando a partir deste momento.

Acredito que muitos já tiveram a oportunidade de ter acesso a série da norma ABNT NBR ISO 55.000, que trata não somente sobre o tema “Gestão de Ativos”, como, de fato, sobre uma mudança cultural e de postura pela qual as nossas empresas devem passar.

A implementação de um sistemas de gestão de ativos certamente implicará em uma reflexão dentro de nossas organizações, conhecendo e compreendendo a sua posição no mercado onde atua e revendo os seus objetivos no médio e longo prazos, mantendo sempre o olhar para o negócio ou core da empresa.

Para as empresas cujo sucesso em seu negócio esteja fundamentado na operação (e consequentemente manutenção) de ativos físicos, a ISO 55.000 trouxe inovações quanto ao conceito de vida do ativo, assim como sobre a importância em se definir claramente uma política de renovação destes ativos quando:

  • Os custos operacionais e/ou de manutenção durante a vida remanescente deste ativo excederem o custo para a sua substituição / reposição
  • Houver risco iminente de falha do ativo;
  • O impacto de uma provável falha supere o custo de sua substituição;
  • Uma provável ou potencial falha venha a comprometer a confiabilidade e/ou a segurança do sistema e de pessoas;
  • O ativo se torne obsoleto e ineficiente (baixo e não recuperável desempenho) para a sua operação e negócio;
  • Os ganhos com a sua eventual substituição / reposição resultem em uma melhoria nos indicadores de performance relacionados a segurança de pessoas, do meio ambiente e desempenho operacional da empresa.

Vejam ainda que várias das condições acima estão quase que diretamente relacionadas a importância do ativo para a sua organização, ou seja, relacionadas a criticidade funcional deste ativo.

Observem também que qualquer tomada de decisão requererá não somente a IDENTIFICAÇÃO destes ativos, o seu CADASTRAMENTO, uma CLASSIFICAÇÃO de sua criticidade funcional e dos riscos envolvidos, assim como requererá o estabelecimento de INDICADORES e FORMAS DE MONITORAMENTO e CONTROLE ao longo do ciclo de vida do ativo em sua organização.

Inicia-se neste momento a abordagem deste post, no qual trataremos do proccesso de levantamento e cadastramento dos ativos em suas organizações. Mesmo quando tratamos separadamente o tema “LEVANTAMENTO” deveremos compreender e planejar previamente como isto será executado, ou seja:

  • Quais os tipos de ativos serão abrangidos?
  • Quais os dados a serem obtidos durante o levantamento?
  • Qual a importância a ser dada para a sua função e seu estado ou condição operativa durante o levantamento?
  • Como estes dados e informações deverão ser organizados?

A resposta para estas perguntas acima os auxiliará no “desenho” deste formato de levantamento e da forma como estas informações serão organizadas e classificadas. O levantamento, ou melhor, a estratégia de levantamento adotada lhes possibilitará classificar posteriormente a criticidade funcional destes ativos, definindo assim a estratégia de manutenção a ser também adotada.

Esta classificação da criticidade funcional será obtida a partir da aplicação de uma metodologia customizada para a sua empresa (matriz de criticidade) e determinará o quão importante ou vital aquele ativo será para a sua organização, demandando por mais e/ou melhors “cuidados” dentro da política de operação e manutenção a ser implantada.

Embora não se tenha atualmente uma norma que trate especificamente do cadastramento de ativos (existem instruções ou normas técnicas dentro de algumas grandes empresas, além de recomendações de instituições ou associações profissionais em manutenção), entende-se que a classificação pode ser realizada em até 7 (sete) níveis:

Níveis de classificação de um ativo segundo a ABRAMAN

Notem que quanto mais níveis forem cadastrados, maior e melhor será a referencia do ativo em sua organização. No entanto, teremos sempre de manter os “nossos pés no chão”, ou seja, adequando o nível de rigor ao nosso negócio e fazendo com que o nível final de cadastramento escolhido atenda plenamente a nossa necessidade de monitoramento e controle dos ativos.

A partir de um bem executado cadastramento, deveremos compor o código de identificação de todos os ativos na organização, incluindo os níveis necessários à nossa estratégia definida.

Exemplo simplificado de construção do código de identificação do ativo

No exemplo acima, a organização atuará comum sistema mais simples de identificação, atuando basicamente com os níveis 1º, 2º e 5º. Como lhes dissemos acima, ainda que o sistema demonstrado pelo exemplo acima seja muito simplificado (por questões mais didáticas), ele poderá atender a algumas organizações, haja vista a análise resultante do processo de levantamento e classificação.

Não se trata aqui de um “monstro” que devemos criar e cuidar, mas sim, de uma metodologia customizada (tailored) para atender as nossas necessidades e expectativas inerentes a gestão de nossos ativos.

Importante apenas lembrá-los de que toda a estratégia definida por vocês deverá estar alinhada com o sistema informatizado de gestão ou CMMS (Computerized Maintenance Management System) escolhido e implantado em sua organização.

Sobre Alexandre Lara

Alexandre Fontes é formado em Engenharia Mecânica e Engenharia de Produção pela Faculdade de Engenharia Industrial FEI, além de pós-graduado em Refrigeração & Ar Condicionado pela mesma entidade. Desde 1987, atua na implantação, na gestão e na auditoria técnica de contratos e processos de manutenção. É professor da cadeira de "Operação e Manutenção Predial sob a ótica de Inspeção Predial para Peritos de Engenharia" no curso de Pós Graduação em Avaliação e Perícias de Engenharia pelo MACKENZIE, professor das cadairas de Engenharia de Manutenção Hospitalar dentro dos cursos de Pós-graduação em Engenharia e Manutenção Hospitalar e Arquitetura Hospitalar pela Universidade Albert Einstein, professor da cadeira de "Comissionamento, Medição & Verificação" no MBA - Construções Sustentáveis (UNIP / INBEC), tendo também atuado como professor na cadeira "Gestão da Operação & Manutenção" pela FDTE (USP) / CORENET. Desde 2001, atua como consultor em engenharia de operação e manutenção.
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