Produtividade “estável” na manutenção…

Temos visto ultimamente algumas discussões sobre a produtividade de profissionais da manutenção, principalmente (e infelizmente….) quando o tema principal envolve o atraso no atendimento de ordens de serviço, sejam estas de cunho preventivo ou corretivo.

Digo infelizmente porque o foco de nossa preocupação ainda se mantem no cumprimento de atendimentos ou ordens de serviço, sem que nos atentemos, de fato, sobre o desempenho de nossas equipes de manutenção e sobre os fatores muitas vezes “externos” ao profissional, que provoquem tal ineficiência.

A AGROFOLHA publicou no dia de hoje uma matéria intitulada “Produtividade do trabalhador brasileiro só cresce na agropecuária, tratando principalmente sobre a queda deste indicador e sua estagnação no setor de serviços (veja a matéria na íntegra clicando aqui).

Imagem de propriedade da AGROFOLHA, referente ao artigo Produtividade do trabalhador brasileiro só cresce na agropecuária (https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/05/produtividade-do-trabalhador-so-cresce-na-agropecuaria.shtml)

Será que já nos perguntamos alguma vez em nossas operações sobre como anda a produtividade de nossas equipes e colaboradores? Será que sabemos como mensurar ou até mesmo tratar este tema e importantíssimo fator para o sucesso de nosso planejamento e manutenção?

Primeiramente precisamos entender que a baixa produtividade possui não somente fatores culturais e regionais que contribuem para a performance do trabalhador da manutenção, como também outros vetores que se originam em processos de gestão e capacitação destes mesmos trabalhadores.

  • Habilitação do profissional
  • Conhecimento mínimo em relação a equipamentos, sistemas e técnicas de trabalho (capacitação)
  • Turn-over ( e a necessidade de um trabalho contínuo de capacitação)
  • Infraestrutura requerida para o desempenho das funções
  • Acessibilidade e condição segura durante a execução das atividades de manutenção
  • Organização da manutenção
  • Agilidade e atuação de suprimentos em manutenção
  • Entre outros…

A diversidade destes fatores e a sua importante influência potencialmente negativa sobre o desempenho de nossas equipes requer a sua ágil identificação e tratamento por parte do gestor da área de manutenção, razão pela qual deve-se tomar cuidado na adequada customização de sua ferramenta informatizada de gestão, além do processo de treinamento e capacitação de seus colaboradores.

Importante também lembrarmos de que a produtividade de um profissional de manutenção deve ser apurada / mensurada apenas durante a execução efetiva das tarefas, ou seja, “com a ferramenta na mão” (ou “wrench time”), reforçando ainda mais os cuidados para uma adequada visualização deste indicador através de nosso sistema computadorizado de gestão da manutenção (CMMS).

Lamentavelmente, nós brasileiros estamos ainda defasados em relação a nossos vizinhos próximos (Argentina e Chile), além de muito mais defasados em relação aos principais exemplos de produtividade (EUA, Alemanha, Japão, …).

Gráfico demonstrando a comparação da produtividade do profissional brasileiro até 2011

Assim como em outros processos de análise e implementação de melhorias na qualidade da manutenção, o respeito e o bom desempenho das funções estratégicas dentro da área ou departamento de manutenção será vital para que obtenhamos resultados adequados.

Vivemos hoje um momento de retomada do mercado (pós-pandemia), com a aceleração em taxas de rotatividade de pessoal e uma contínua falha em nossa atividade de supervisão, haja vista o acúmulo de responsabilidades e atividades também observado dentro das empresas.

Enfim, como dizia um antigo gerente, a manutenção é uma área dentro da cadeira de engenharia e não existem vitórias sem um adequado estudo e planejamento, seguidos de uma atuação estratégica de gestão. Pensem nisto…..

Sobre Alexandre Lara

Alexandre Fontes é formado em Engenharia Mecânica e Engenharia de Produção pela Faculdade de Engenharia Industrial FEI, além de pós-graduado em Refrigeração & Ar Condicionado pela mesma entidade. Desde 1987, atua na implantação, na gestão e na auditoria técnica de contratos e processos de manutenção. É professor da cadeira de "Operação e Manutenção Predial sob a ótica de Inspeção Predial para Peritos de Engenharia" no curso de Pós Graduação em Avaliação e Perícias de Engenharia pelo MACKENZIE, professor das cadairas de Engenharia de Manutenção Hospitalar dentro dos cursos de Pós-graduação em Engenharia e Manutenção Hospitalar e Arquitetura Hospitalar pela Universidade Albert Einstein, professor da cadeira de "Comissionamento, Medição & Verificação" no MBA - Construções Sustentáveis (UNIP / INBEC), tendo também atuado como professor na cadeira "Gestão da Operação & Manutenção" pela FDTE (USP) / CORENET. Desde 2001, atua como consultor em engenharia de operação e manutenção.
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