Como conduzir uma concorrência em manutenção

A cada novo ano ou período que se inicia, muitos de nós retomam as suas atividades e, entre elas, a necessidade de consultar os mercados de prestação de serviços para o balizamento de nossos contratos existentes, ou mesmo, a necessidade de buscar por novos fornecedores e melhorias em nossos processos.

Trata-se de uma necessidade em nossas áreas, haja vista que revisitar o mercado e conhecer as suas potencialidades e novas metodologias e técnicas, sempre será importante.

No entanto, isto tomará algum tempo do gestor ou do encarregado em conduzir este processo de uma ponta a outra…, pois o processo de concorrência requererá um conjunto de informações para que as proponentes consigam elaborar as suas respectivas propostas, dentro do espera o contratante.

Importante ressaltar que o resultado de um processo de contratação dependerá de um cuidadoso preparo por parte do tomador, seja ao elaborar o escopo que atinja plenamente as suas necessidades e expectativas, seja especificando SLAs, KPIs, as condições mínimas necessárias para a implantação de uma ferramenta informatizada de gestão, seja delineando as demais condições e necessidades do processo de contratação ou “Bid”.

Em outras palavras, não se deve simplesmente copiar o escopo atual, alterando o que julgamos como necessário para a implementação de melhorias no processo!

É importante que olhemos cuidadosamente o processo, fornecendo aos licitantes ou às proponentes, todas as informações minimamente necessárias para a elaboração de uma boa proposta.

Isto requer como itens ou condições de preparação:

1. O escopo do serviço:

Antes de discorrermos sobre o que deve ser entendido como itens do escopo, devemos lembrar que a sua descrição ou detalhamento tem como principal condição atender as expectativas e necessidades de quem está contratando. Portanto, deve-se compreender que o primeiro passo de todo o processo envolverá:

  • Colocar no papel as nossas necessidades e expectativas
  • Destacar os pontos críticos do processo (cuidados a serem tomados)
  • Lembrar aquilo que não desejamos ou podemos ter, com o novo fornecedor
  • Relacionar as condições básicas para esta contratação, tais como sites, sistemas ou equipamentos abrangidos, horários de atuação, necessidades de se manter ou não equipes específicas residentes no contrato, entre outras

O escopo deverá então contemplar:

  • O objeto da contratação
  • A descrição do serviço a ser contratado
  • A relação de escopos técnicos detalhados, incluindo as atividades, frequências e entregáveis
  • A relação dos sites, sistemas e equipamentos incluídos
  • A matriz de criticidade
  • A matriz de responsabilidades (RACI) e de relacionamento (fornecedor / contratante)
  • Os níveis mínimos e acordados para os serviços (SLAs)
  • Os indicadores de performance e acompanhamento a serem implementados para o acompanhamento dos serviços e entregáveis (indicadores que atendam as expectativas do Cliente)
  • O modelo de avaliação do fornecedor a ser considerado no contrato
  • Os cuidados e requisitos necessários para a implantação do novo contrato
  • Um cronograma contendo não somente o kick-off, mas todas as etapas de implantação, início do processo de medição da performance, prazos para a apresentação dos entregáveis, etc

Importante destacar que outros itens poderão integrar o escopo de contratação, tais como:

  • A necessidade de apresentação de uma Lista de Preços Unitários (LPU) e seu BDI
  • O provimento de bases de operação e ferramentais específicos
  • A estruturação das bases de trabalho por parte da contratada (bases de trabalho, computadores, softwares, internet, ramais, etc)
  • A necessidade de implantação de um software informatizado de gestão ou CMMS, e seus entregáveis
  • Etc…

Mais uma vez, isto ressalta a necessidade de um planejamento prévio ao processo de concorrência.

2. Informações sobre as volumetrias envolvidas:

Além dos quantitativos e descritivos acima relacionados, deve-se providenciar a elaboração de um material que apresente a volumetria dos serviços para as empresas licitantes no processo.

Lembrem-se que, não bastará apenas informar a relação de equipamentos, atividades, frequências, etc…, que possibilitem à proponente dimensionar as suas equipes e recursos para a atuação preventiva ou preditiva!

É igualmente importante que o Cliente informe a volumetria histórica de ocorrências, chamados, corretivas e consumo de insumos e peças, o que traduzirá aos participantes o tempo de atuação corretiva e de atendimento de suas equipes futuras. Isto permitirá com que se dimensione os recursos de forma adequada e mais próximo do real.

3. Itens administrativos importantes:

Também devem ser disponibilizados previamente os documentos como minuta padrão (para a análise prévia por parte das proponentes), regras de fornecimento e conduta ética de fornecedores, relação de documentos técnicos e administrativos a serem apresentados pela contratada, assim como as suas periodicidades.

4. Itens inerentes ao processo de concorrência:

Trata-se aqui da disponibilização de documentos para a apresentação da cotação (planilhas eletrônicas previamente formatadas e travadas para alteração), sendo este um ponto vital que facilitará a vida das equipes de análise envolvidas no processo.

Além destas planilhas, deve-se ainda consultar o mercado para a elaboração da lista inicial dos fornecedores capacitados a atender as demandas e expectativas do contratante, ou seja, a “long list”.

Estes são apenas tópicos a serem observados pelas equipes tomadoras de serviço, ao se elaborar o material de concorrência, lembrando que a omissão ou falta destes cuidados poderá promover o descompasso entre as visões da contratada e da contratante, além de outros fatores como a incapacidade em atender demandas, escopos, etc…

Em outras palavras, a sua operação poderá se tornar uma confusão….

Sobre Alexandre Lara

Alexandre Fontes é formado em Engenharia Mecânica e Engenharia de Produção pela Faculdade de Engenharia Industrial FEI, além de pós-graduado em Refrigeração & Ar Condicionado pela mesma entidade. Desde 1987, atua na implantação, na gestão e na auditoria técnica de contratos e processos de manutenção. É professor da cadeira de "Operação e Manutenção Predial sob a ótica de Inspeção Predial para Peritos de Engenharia" no curso de Pós Graduação em Avaliação e Perícias de Engenharia pelo MACKENZIE, professor das cadairas de Engenharia de Manutenção Hospitalar dentro dos cursos de Pós-graduação em Engenharia e Manutenção Hospitalar e Arquitetura Hospitalar pela Universidade Albert Einstein, professor da cadeira de "Comissionamento, Medição & Verificação" no MBA - Construções Sustentáveis (UNIP / INBEC), tendo também atuado como professor na cadeira "Gestão da Operação & Manutenção" pela FDTE (USP) / CORENET. Desde 2001, atua como consultor em engenharia de operação e manutenção.
Esse post foi publicado em Artigos do Autor, Facility Management e marcado , , , , . Guardar link permanente.

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s