Quem de nós, enquanto jovens e recém-formados não se deparou com a dificuldade natural de engajamento em uma vida profissional ativa, principalmente no que se referia ou se refere a enxergar a aplicação de nosso aprendizado acadêmico na vida prática?
Ou ainda, quem de nós não se questionou durante a fase de aprendizado acadêmico quanto a aplicabilidade de um determinado assunto ou matéria em nossa então “futura vida profissional”?
Tenho a impressão de que poucos não passaram por estas duas situações…
De certa forma, o “novo” sempre nos assusta ou preocupa, e sempre continuará a nos tirar tranquilidade e sono…
Há algum tempo, como um apaixonado por tênis, ouvi uma entrevista do tenista Rafael Nadal na qual dizia francamente sentir “frios em sua barriga” à cada vez que pisava em uma quadra para um jogo importante, apesar de toda a sua experiência e conquistas.
No entanto, sair formado por uma instituição, sem que se tenha uma visão mais clara de um mundo real que nos aguarda lá fora, também não nos ajudará a enfrenta-lo…
Vejam que, ao longo dos anos, o MEC tem tornado cada vez mais restritiva a participação de profissionais especialistas, ou seja, de profissionais que, de fato, atuem no mercado de trabalho em suas respectivas áreas de formação ou especialização, em cursos de graduação e pós graduação.
É evidente que a metodologia de ensinamento deve ser um ponto fortíssimo de atenção e padronização, assim como também enxergo como mais do que evidente a necessidade de que alunos e formandos ouçam experiências, estudem casos de sucesso ou insucesso e visualizem de forma prática a aplicabilidade de conhecimentos recebidos.
Entendo também que tal “transferência de conhecimento prático” só será valiosa se partir de personagens reais, ativos, e que as tenham vivenciado na carne…
Pela exigência do MEC, estes profissionais do mercado devem ou deverão cursar no mínimo um mestrado e em alguns casos, um doutorado, para que possam ministrar aulas em instituições de ensino, dependendo do curso (cursos de especialização e de capacitação ainda são mais flexíveis neste aspecto). Por mais simples que isto possa parecer, é justamente nesta disponibilidade para cursar estes 2 (dois) anos de mestrado, em paralelo a uma vida profissional ativa, que reside o grande motivo deste afastamento de profissionais de mercado de faculdades e universidades.
Isto é lamentável, pois perde-se a grande oportunidade de “introduzir” estas experiências práticas na vida acadêmica de um futuro profissional, o que muitas vezes fica ou ficará restrito ao curto período de estágio ao qual o aluno se submeterá.
Proporcionalmente falando, são ainda muito poucos os profissionais de mercado que têm esta disponibilidade e que dividem esta condição com as suas respectivas carreiras profissionais.
Não se trata de um desabafo pessoal, até mesmo porque, como apaixonado em ensinar, deverei iniciar o meu mestrado até 2020, mas se trata de um alerta e de uma provocação para a reflexão de todos.