É realmente assustador e lamentável como ainda se enxerga a atuação de sindicatos no Brasil…
Criados no início do século XX para a defesa das condições de trabalho de funcionários em indústrias manufatureiras, período este no qual se tornava, de fato, necessária a organização e ajustes após um enooorme e tenebroso período de escravidão em nossa história, os Sindicatos foram “encorpando-se” ao longo dos anos, auxiliados por leis governamentais e mais a frente, por leis trabalhistas.
Porém, verifica-se também em sua história o direcionamento político destas instituições, misturando-se com questões supostamente relacionadas à sua atividade fim, embora por muitas vezes bastante controversas.
Como resultado desta “evolução”, nos deparamos nas últimas décadas com estruturas por vezes enormes, hierarquizadas e que muitas vezes se assemelham a estatais ainda burocratizadas…. Quanto a sua atuação política, vimos ainda o nascimento de um partido político e a ascenção ao posto máximo de nossa estrutura governamental, o que ecoa até hoje como vitória e conquista por parte destas instituições.
Mas e quanto a principal questão, o principal objetivo destas instituições?
Será que não se perdeu este princípio fundamental, ao ser inundada por esta politização dos sindicatos e pelo crescimento de aspectos como a soberba e desejo de “poder” por alguns de seus comandantes?
O fato é que não vivemos mais a mesma realidade do início do Século XX!!!
Já há algumas décadas, principalmente fora do Brasil, o mundo caminha para a terceirização e para o modelo de trabalho home office, como forma de se assegurar a competitividade destas “industrias” e a sobrevivência de empregos.
É evidente que neste momento, a atuação de sindicatos é importante para se assegurar as condições mínimas e necessárias de trabalho, evidentemente onde existam tais riscos. Entretanto, nadando em um sentido contrário em relacão a este movimento pela competitividade e sobrevivência, ainda vemos a “luta” pela manutenção de modelos hoje quase condenados e que pouco ou em nada ajudarão a preservação de empregos.
Há quase duas décadas tornei-me um prestador de serviços, terceirizado por força do mercado, que também buscava por reduções de custo e por uma maior competitividade. Apesar de levemente inseguro na ocasião, abracei esta oportunidade (como tantos outros em nosso país) e reinventei, inovei, criei uma série de outras oportunidades que me fizeram crescer ao longo destes anos, construindo e prosperando com o meu próprio negócio.
Em meio a um momento claro de mudanças em nosso país, precisamos ainda nos libertar destas “correntes e preconceitos” que ainda persistem no que se refere a legislação trabalhista pois, se desejamos de fato sobreviver às mudanças globais, os nossos sindicatos precisarão, como dizem os jovens, fazer uma “DR”, ou seja, discutir a sua relação com os trabalhadores e com os mercados aos quais se propõe atuar e ajudar.
Precisamos demover estas cabeças com pensamentos ainda “medievais” de uma suposta “preservação”, quando temos hoje claramente outras ameaças que precisam ser identificadas e combatidas.
Leia a matéria de O Globo sobre: Governo quer apressar projetos que liberam terceirização do trabalho