Supermercados buscam soluções para reduzir consumo de energia

Fonte: PROCEL Info

Por: Tiago Reis

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Após um ano em que as despesas com energia elétrica perderam apenas para os custos com folha de pagamento, o setor de supermercados do Brasil tem intensificado a busca por soluções na área de eficiência energética. Desde as grandes redes até os pequenos estabelecimentos o foco é um só: reduzir os gastos com energia elétrica.

Segundo dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), no ano de 2014, o segmento consumiu 8,6 GWh, o equivalente a 2,5% do consumo de energia em todo o país. O consumo médio por loja ficou em 103 MWh, o que resultou num gasto de cerca de R$ 3,5 bilhões somente com a conta de energia. Mesmo com a redução do valor das Bandeiras Tarifárias, o setor ainda não absorveu totalmente os reajustes ocorridos em 2015. Principalmente nos pequenos estabelecimentos e em lojas de cidades do interior, o valor gasto com energia elétrica, em muitos casos, se equiparou com as despesas com folha de pagamento.

Num cenário de retração econômica, a gestão eficiente de energia tornou-se fundamental, já que este segmento possui grande demanda de utilização de equipamentos de refrigeração e aquecimento de alimentos, sistemas de climatização e iluminação, além de computadores. Ao reduzir a conta de energia, os supermercados ganham em competitividade e essa despesa menor pode refletir na política de preços de cada estabelecimento, resultando em descontos para o consumidor, aumento das vendas e lucros.

Segundo a Abras, desde 2012 as lojas têm intensificado as ações para tornar o setor mais “verde”. De acordo com levantamento da entidade, no triênio 2012-2014 houve uma redução de 5,4% no consumo de energia pelos supermercados brasileiros.

“As lojas mais modernas já contam com painéis solares, água de chuva armazenada para as descargas dos banheiros, estruturas que maximizam o uso de luz natural e substituição de equipamentos, que são mais modernos, econômicos e menos poluentes”, informou a associação por meio de comunicado.

De acordo com Fábio Cuberos, gerente de Regulação do Grupo Safira Energia, empresa que presta consultoria no setor, a demanda por projetos de eficiência energética teve um aumento considerável nos últimos dois anos. No segmento de supermercados, a principal demanda é por tornar mais eficiente o setor de refrigeração, que é o principal consumidor de energia desse tipo de estabelecimento.

“Se for feito um trabalho visando tornar mais eficiente os sistemas de refrigeração, substituindo equipamentos antigos por mais modernos, a empresa vai conseguir ter um melhor retorno. Iluminação também faz parte disso e reduz os custos, mas o que representa os maiores ganhos, certamente é a refrigeração”, afirma Cuberos.

Entretanto, ele revela que devido a situação econômica do país, alguns empresários estão optando, num primeiro momento, pelo mercado livre de energia, para, com a economia gerada pela tarifa mais baixa, investir posteriormente na substituição de equipamentos.

“A redução de custos com a mudança do mercado cativo para o mercado livre é muito maior e mais rápido do que projetos de eficientização. Projetos de eficiência energética demandam investimentos, dão resultados no longo prazo. No mercado livre, a redução imediata é de no mínimo 30% nos custos”, ressalta Cuberos.

O gerente do Grupo Safira aponta que outra tendência do setor é investir em geração própria de energia. Com a atualização da resolução 482, da Aneel, a micro e mini-geração distribuída ficou bastante viável, principalmente para os consumidores conectados na baixa tensão, o que tem aumentado a procura por soluções nessa área.

Grandes redes modernizam suas lojas

Uma das principais redes do setor, a multinacional francesa Carrefour, por meio da sua Plataforma de Sustentabilidade, intensificou nos últimos anos a adoção de medidas para ampliar a eficiência energética em suas instalações. No Brasil, 80% da energia consumida pelas lojas do Carrefour são provenientes de fontes de baixo carbono, como: eólica, biomassa e de pequenas centrais hidroelétricas. Além disso, foram providenciadas a substituição de balcões frigoríficos abertos por modelos fechados e a troca das lâmpadas comuns por modelos de LED.

Buscando um modelo para tornar ainda mais eficiente e sustentável a operação de suas lojas, o Carrefour selecionou em 2015 dois hipermercados para testar um novo sistema de iluminação. O projeto, implementado nas lojas de Jundiaí (SP) e Vila Velha (ES), teve como objetivo reduzir as perdas de iluminação por meio da distribuição de luminárias apenas nos pontos necessários. “Como resultado, a nova tecnologia ocasionou redução de cerca de 30% no consumo de energia”, disse a rede varejista por meio de nota.

A loja de Vila Velha, inaugurada em setembro, é a primeira da rede a contar com a iluminação 100% de LED. Além disso, todo o calor gerado pelo sistema de refrigeração é utilizado para o aquecimento de água da unidade, o que proporciona uma significativa redução no consumo de energia.

“Parte do conceito da nova geração de hipermercados e supermercados da rede, o novo sistema de iluminação está contemplado no calendário de revitalizações das lojas espalhadas pelo Brasil. Eles reduzem significativamente consumo de energia e o impacto na emissão de gases de efeito estufa. Associado a esses projetos, o Carrefour conta também com diversas iniciativas de conscientização dos seus colaboradores voltadas ao consumo consciente dos recursos naturais”, completa a multinacional.

O Grupo Pão de Açúcar (GPA), proprietário das marcas Extra, Pão de Açúcar e Assaí, também intensificou a adoção de medidas para reduzir o consumo de energia. Desde 2014, funciona um grupo de trabalho para implementar ações de eficiência energética nas lojas, centrais de abastecimento e unidades administrativas do GPA.

Entre as iniciativas adotadas pelo grupo, estão, para a área administrativa, a criação de regras para uso do ar condicionado e da iluminação nos horários com menor fluxo de colaboradores nos escritórios, uso inteligente dos elevadores, considerando os horários de baixo fluxo e substituição de lâmpadas por modelos mais eficientes.

Já nas lojas e centrais de abastecimento do Extra e Pão de Açúcar foi efetuada a instalação de lâmpadas de LED, fechamento dos balcões de refrigeração e automação do sistema de climatização. Além disso, 80% das lojas já possuem geradores para utilização nos horários de píco e foi implementado, em cada loja, uma rotina de análise e mensuração do consumo de energia para identificar possíveis falhas e assim tomar medidas imediatas de correção.

Nas lojas recém-inauguradas do atacadista Assaí, o projeto contempla a utilização maior da iluminação natural, por meio de cobertura zenital e fachadas de vidro. Também nessas lojas foram implementados sistemas de condicionamento de ar de acumulação, que armazena água gelada e utiliza na refrigeração da loja em períodos nos quais a tarifa é mais alta. Esse sistema se autocontrola, racionalizando o consumo de energia.

“Essas medidas, quando concluídas devem atingir, por exemplo, a redução de até 25% no consumo de energia de uma loja de hipermercado. No caso do Assaí, por ser uma rede de operação de baixo custo, a redução média será de 10%”, conclui o GPA.

Sobre Alexandre Lara

Alexandre Fontes é formado em Engenharia Mecânica e Engenharia de Produção pela Faculdade de Engenharia Industrial FEI, além de pós-graduado em Refrigeração & Ar Condicionado pela mesma entidade. Desde 1987, atua na implantação, na gestão e na auditoria técnica de contratos e processos de manutenção. É professor da cadeira de "Operação e Manutenção Predial sob a ótica de Inspeção Predial para Peritos de Engenharia" no curso de Pós Graduação em Avaliação e Perícias de Engenharia pelo MACKENZIE, professor das cadairas de Engenharia de Manutenção Hospitalar dentro dos cursos de Pós-graduação em Engenharia e Manutenção Hospitalar e Arquitetura Hospitalar pela Universidade Albert Einstein, professor da cadeira de "Comissionamento, Medição & Verificação" no MBA - Construções Sustentáveis (UNIP / INBEC), tendo também atuado como professor na cadeira "Gestão da Operação & Manutenção" pela FDTE (USP) / CORENET. Desde 2001, atua como consultor em engenharia de operação e manutenção.
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