Fonte: Diário do Nordeste
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A crise energética, provocada pela falta de chuvas nas regiões das usinas hidrelétricas, tem estimulado a busca de soluções para evitar situações vexatórias, com risco para o desabastecimento de áreas altamente povoadas. Os lagos artificiais, alimentadores de geração energética, estão se aproximando dos níveis mínimos tolerados para a água acumulada.
Como a recarga demora, em média, uma década de invernos regulares, o governo federal passou a adotar soluções práticas e de curto e médio prazos para a montagem de esquemas sucedâneos da energia gerada pela água. Uma das saídas, em avançada etapa de análise, se refere ao emprego da energia solar, com absorção de novas tecnologias disponíveis no mercado externo.
O Ministério das Minas e Energia confirma a realização de estudos nessa área visando a ampliar a capacidade de geração do setor elétrico. O plano objetiva transformar os maiores reservatórios das hidrelétricas do País em grandes “fazendas” de painéis solares. Para tanto, pretende-se espalhar milhares de metros quadrados de boias com painéis solares sobre o espelho dágua das usinas. Há também tecnologia internacional de painéis fotovoltaicos disponível no mercado e o governo estuda o sistema criado em parceria pela França e China.
Atualmente, as turbinas das hidrelétricas não podem produzir grande volume de energia em decorrência da escassez das água das chuvas. Com o emprego da alternativa da energia solar, haveria um reforço na geração, disponível a qualquer época e, mais que isso, a possibilidade de conter a evapotranspiração. Assim, duas soluções seriam alcançadas por esses meio de custo razoável.
Projeções das equipes encarregadas de testar o emprego desse recurso apontam resultados plenamente satisfatórios, pois o uso dos flutuadores solares sobre os reservatórios poderão acrescentar ao parque energético nacional até 15 mil megawatts (MW) de potência. Este volume é superior à capacidade máxima das hidrelétricas de Belo Monte e Jirau, em construção na Amazônia.
As prospecções alcançaram avanços expressivos, com a escolha de duas barragens controladas por empresas estatais da Eletrobrás para estrear o plano. Na Bahia, a partir do Rio São Francisco, o alvo escolhido é o lago de Sobradinho, o maior do País em área alagada. Na Amazônia, os painéis serão instalados na barragem da usina de Balbina, detentora de outro grande lago artificial.
Pelo modelo de operação do plano, a partir das represas dessas duas hidrelétricas, os painéis flutuantes serão conectados diretamente às subestações de energia das usinas, simplificando o processo de geração e distribuição e reduzindo os custos operacionais.
O gerenciamento dos painéis solares e a geração de energia serão feitos diretamente pela Chesf e Eletronorte, controladoras de Sobradinho e de Balbina. A escolha dessas duas empresas para a montagem experimental do plano alternativo de energia solar, a partir dos lagos artificiais, decorreu de sua condição de companhias estatais.
Os resultados proporcionados pelos lagos de Sobradinho e de Balbina irão definir a expansão da iniciativa para outras hidrelétricas. O governo espera acionar os primeiros painéis solares flutuantes ainda neste ano. Essa inovação vem interessando, também, duas empresas privadas em Minas Gerais.
País ensolarado, o Brasil precisou de uma crise hídrica para acordar ou descobrir que sempre esteve diante de seus olhos uma riqueza sustentável.