Crise atinge empresas de arquitetura e engenharia consultiva

Fonte: Revista Infra

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Levantamento da Sinaenco aponta que 80% das empresas já demitiriam neste ano

A crise econômica que afeta o Brasil de forma mais aprofundada neste primeiro trimestre de 2015 está causando forte impacto nas empresas brasileiras de arquitetura e de engenharia consultiva (A&EC). Responsáveis pelo desenvolvimento de projetos de arquitetura e de engenharia e tendo boa parcela de seus contratos com os poderes públicos, as empresas do setor de A&EC vêm sofrendo com a paralisação quase total das contratações de projetos e serviços especializados pelos órgãos governamentais e com a suspensão de contratos e dos pagamentos relativos a obras que estavam em andamento.

Como consequência desse péssimo cenário econômico, o setor já fechou mais de 20 mil postos de trabalho, entre o final de 2014 e o primeiro trimestre deste ano. Pesquisa realizada pelo Sindicato da Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco) neste mês de abril último confirmou essa situação alarmante para o setor: a diminuição do número de funcionários ocorreu em 80% delas. “A crise econômica que estamos vivendo é comparável às piores das chamadas´décadas perdidas´, as de 1980 e 1990. As empresas de A&EC estão sendo obrigados a demitir quadros técnicos altamente especializados, que demoram anos para ser formados, cortando assim parte da inteligência altamente estratégica para o país”, afirma o presidente do Sinaenco, José Roberto Bernasconi.

O presidente do Sinaenco explica que, devido ao fato de o setor ser empregador intensivo de mão de obra altamente especializada, essa é uma situação bastante negativa para o futuro das empresas e do país. “Nossos profissionais, boa parte deles com mestrado, doutorado e até pós-doutorado, são principalmente arquitetos e engenheiros especializados no desenvolvimento de projetos de infraestrutura e, também, de outros serviços que exigem elevada especialização, como as de gerenciamento e fiscalização de obras, de geotecnia e estudos de impactos ambientais, entre outros.” A perda dessa inteligência, desse conhecimento acumulado, é extremamente prejudicial ao país, que transforma profissionais altamente preparados em desempregados, numa repetição do famoso “engenheiro que virou suco”, símbolo da crise dos anos 1980/1990. “Infelizmente, retomamos o nefasto ciclo caracterizado pelo denominado “voo de galinha” na economia, com períodos de expansão seguidos por outros, de recessão, que há até pouco tempo julgávamos ter ultrapassado”, lamenta Bernasconi.

Situação crítica

Para o engenheiro Claudemiro dos Santos Júnior, vice-presidente do Sinaenco, a situação das empresas do setor é “bastante crítica”, agravada pelo fato de que a maior parte dos contratos das firmas de A&EC tem cláusulas de reajuste definidas pela Coluna 39 da planilha da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que corrige os contratos com percentuais que variam entre 50% a 60% do INPC. Esse descompasso entre o percentual de reajuste dos contratos pela coluna 39 da FGV, que totalizou cerca de 4% nos últimos 12 meses, e os que incidem sobre os principais custos das empresas de A&EC, entre os quais cerca de 80% em média são relativos ao pagamento de salários e encargos, leva a um impasse. “Não é possível corrigir os contratos com um índice que é 50% inferior ao que reajusta os salários, responsáveis pela principal despesa das empresas do setor”, reclama ele.

Ambiente econômico difícil

Em Pernambuco, 2015 ainda não começou para as empresas de arquitetura e engenharia consultiva (A&EC). A afirmação do presidente regional do Sinaenco/PE, arquiteto Luiz Antônio Wanderley Neves Filho pode soar como exagero, mas, segundo ele, traduz “a verdadeira e triste realidade do setor no estado”, que começou a não pagar e a paralisar contratos desde o final de setembro de 2014, situação que se mantém até hoje. “Isto tem resultado, para as empresas associadas ao Sinaenco, em grandes dificuldades econômico-financeiras, agravadas ainda para aquelas que têm contratos com a Petrobras por causa da operação Lava-Jato”, explica Neves Filho.

As empresas de A&EC de Pernambuco, por isso, estão tendo que recorrer aos bancos, pagando juros altíssimos, para arcar com seus compromissos, basicamente, com a folha de pagamento. “Muitas delas estão sendo obrigadas a atrasar salários por absoluta falta de condições, por conta da inadimplência do Estado. Vivemos um ambiente muito difícil para trabalhar atualmente”, desabafa o presidente do Sinaenco/PE.

Essa situação, diz o vice-presidente do Sinaenco, Claudemiro dos Santos Júnior, é comum aos demais estados brasileiros. O sindicato, em função dessa conjuntura econômica, vem recebendo consultas de empresas interessadas em diminuir a jornada de trabalho e o salário, proporcionalmente, de seus funcionários. As dificuldades das empresas poderiam ser minimizadas com a retomada dos pagamentos por parte dos governos dos serviços já prestados pelas firmas de A&EC, defende Santos Júnior.

Momento ideal à contratação de projetos

Como os projetos de arquitetura e de engenharia representam o menor percentual no custo global de uma obra pública, “o governo federal poderia aproveitar este momento de crise econômica e de ajuste fiscal para contratar os projetos necessários à infraestrutura brasileira, que, assim, poderiam ser desenvolvidos com o prazo adequado à sua elaboração de forma completa, oferecendo a garantia de empreendimentos construídos com qualidade, no prazo e ao custo estipulados”, propõe Bernasconi.

O presidente do Sinaenco lembra que o projeto executivo, completo, dá ao contratante total controle da execução do empreendimento, proporcionando transparência ao processo. Por isso, diz ele, o projeto executivo, completo, é comparado a uma “vacina anticorrupção”.

Sobre Alexandre Lara

Alexandre Fontes é formado em Engenharia Mecânica e Engenharia de Produção pela Faculdade de Engenharia Industrial FEI, além de pós-graduado em Refrigeração & Ar Condicionado pela mesma entidade. Desde 1987, atua na implantação, na gestão e na auditoria técnica de contratos e processos de manutenção. É professor da cadeira de "Operação e Manutenção Predial sob a ótica de Inspeção Predial para Peritos de Engenharia" no curso de Pós Graduação em Avaliação e Perícias de Engenharia pelo MACKENZIE, professor das cadairas de Engenharia de Manutenção Hospitalar dentro dos cursos de Pós-graduação em Engenharia e Manutenção Hospitalar e Arquitetura Hospitalar pela Universidade Albert Einstein, professor da cadeira de "Comissionamento, Medição & Verificação" no MBA - Construções Sustentáveis (UNIP / INBEC), tendo também atuado como professor na cadeira "Gestão da Operação & Manutenção" pela FDTE (USP) / CORENET. Desde 2001, atua como consultor em engenharia de operação e manutenção.
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