Fonte: Valor Online
Por: Denise Neumann
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Em cenário que não contempla racionamento de energia e água, o Banco Central (BC) estima que o Brasil vai passar por dois anos seguidos de retração do Produto Interno Bruto (PIB). O BC projeta queda de 0,5% no PIB de 2015 e revisou de alta de 0,2% para queda de 0,1% a estimativa para 2014, cujo dado oficial será divulgado nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nas contas do BC, a queda será puxada pelo cenário doméstico, enquanto o mundo ajudará o Brasil neste ano, minimizando os efeitos negativos internos.
A instituição não incorporou em suas projeções a nova série das contas nacionais, cuja metodologia foi revisada. A projeção do BC ainda é mais otimista que a do mercado: no boletim Focus, a estimativa para o PIB de 2015 está em menos 0,83%.
Na revisão de 2014, as projeções do BC pioraram para todos os componentes da oferta, com a agricultura passando de crescimento de 1,4% para 1,3%, a indústria de menos 1,4% para menos 1,7% e o setor de serviços, de 0,7% para 0,6%. Pelo lado da demanda, piorou principalmente a projeção para o investimento, com queda ampliada de 7,1% para 8,2%.
Em 2015, na visão do BC, o investimento (medido pela formação bruta de capital fixo) será, mais uma vez, a principal nota negativa do PIB pelo lado da demanda, com queda de 6%. A demanda das famílias não cai, mas desacelera: a alta de 1% de 2014 cede lugar a uma expansão de apenas 0,2%.
O consumo do governo segue trajetória semelhante, passando de uma estimativa de alta de 1,8% no ano passado para 0,3%, como consequência do ajuste fiscal em curso no governo federal e também em vários Estados. De acordo com a instituição, ”o desempenho dos investimentos no curto prazo está influenciado, em parte, por eventos não econômicos associados ao risco hídrico, ao ambiente político e aos desdobramentos da operação Lava-Jato.
O BC ainda espera alta de 2,4% nas exportações e queda de 3% na importação. A projeção para as exportações, explicou a instituição, “reflete as perspectivas de crescimento para a agropecuária e para a indústria extrativa; a expectativa de maior crescimento global; e os ganhos de competitividade associados à mudança de patamar da taxa de câmbio”. Por outro lado, a redução projetada para as importações considera um “ambiente de moderação no consumo e a depreciação do real”. O BC ponderou ainda que, sozinha, a demanda interna provoca uma queda de 1,3 ponto percentual no PIB, enquanto o setor externo ajudará a economia, com um impacto positivo de 0,8 ponto percentual.
Pelo lado da oferta, as projeções do BC mostram mais um recuo da indústria (queda de 2,3%) e resultado bastante fraco do setor de serviços (só 0,1% de crescimento). A agricultura, mais uma vez, é o lado positivo, com alta estimada de 1%. As projeções para 2015 não embutem racionamento de água e energia, mas consideram que o risco dessa situação afetará o otimismo de empresários e consumidores, com consequências negativas para a atividade.
(Denise Neumann | Valor)