Fonte: Valor Online
Acesse aqui a matéria em sua fonte.
Na próxima sexta-feira, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) vai divulgar o número mais esperado por investidores, especialistas e analistas do setor elétrico este ano: a primeira previsão oficial do órgão para o nível dos reservatórios das usinas do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, o principal do país, no fim de abril, quando termina o período chuvoso. Segundo o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, se os lagos das hidrelétricas encerrarem abril com 30% de armazenamento não será necessário decretar um corte compulsório da demanda por energia. Os reservatórios hoje estão com 25,93% da capacidade. E a expectativa atual do operador é que eles cheguem a 29,8% de armazenamento no fim de março.
De acordo com fontes próximas do governo e especialistas do setor, porém, mesmo que o nível dos reservatórios não alcance a meta e fique ligeiramente abaixo dos 30%, a presidente Dilma Rousseff deverá ir para o “tudo ou nada” e não decretará racionamento. O governo aposta as fichas na desaceleração da economia, na consequente queda do consumo de energia, e na configuração de um regime de chuvas na média histórica entre maio e novembro, para evitar o prejuízo político do corte obrigatório no consumo. “O governo vai fazer de tudo para não ter que racionar. O racionamento seria um ingrediente explosivo na crise política atual” disse ao Valor uma fonte próxima ao ministério de Minas e Energia. A decisão de decretar, ou não, um racionamento não quer dizer que a medida é, ou não, necessária.
Nove em cada dez especialistas, incluindo experientes técnicos do setor elétrico, defendem a necessidade de adotar algum programa que provoque redução do consumo. A maioria deles, aliás, já era a favor da medida no ano passado. O motivo é que, com pouco tempo para construir novas usinas, a fim de garantir o atendimento do sistema, a única variável possível de ser alterada em curto prazo é a demanda. Mas como pode os especialistas defenderem incontestavelmente o racionamento, enquanto o governo afirma categoricamente que ele não é necessário?
A explicação é que os analistas trabalham com a política de operação energética tradicional, que jamais admitiria que os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste chegassem a novembro com apenas 10% da capacidade. Na avaliação deles, o governo abandonou essa cartilha por razões eleitorais no ano passado e por motivos políticos e econômicos este ano.