Como bem diz o texto abaixo, o segredo não está apenas na criação mas, principalmente, na gestão…
Vejam como exemplo o ciclo de vida de uma edificação comercial, onde o montante à ser despendido (despesas) mais significativo se encontra na fase de operação e manutenção (algo entre 70 e 80% do custo referente a todo o ciclo de vida).
Pois bem, fazendo esta analogia, onde devemos também atribuir um foco específico? Não seria na operação e no seu controle?
O mesmo ocorre no caso das cidades, onde inevitavelmente precisaremos da estrutura de seus gestores e de uma efetiva fiscalização e controle.
Assim como ocorreu em relação ao processo de educação no trânsito, observa-se um certo êxito nas cidades onde a fiscalização foi ou é mais efetiva, independentemente das questões que envolvam a “indústria de multas”.
A história nos mostra que a evolução humana se dá pelo aprendizado natural (eventos e crises) e pela educação, sendo esta fruto não só de escolas, mas de leis, regras e de uma efetiva fiscalização, que propiciam juntas o aculturamento de seu povo.
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Fonte: Jornal do Brasil
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No dia 3 de dezembro de 2011, os participantes do 3 Congresso Ibero-Americano de Engenharia Civil, realizado em Curitiba, aprovaram um Manifesto por Inovações no Pensar, Conceber e Gerir as Cidades. Neste, os engenheiros, após debaterem amplamente o tema Experiências e conceitos inovadores de engenharia civil nas cidades, manifestam a necessidade de ações revolucionárias no trato das questões urbanísticas, desde o modo de pensar e conceber as cidades até sua gestão técnica, tendo como meta viabilizar a almejada sustentabilidade urbana.
Este tipo de manifesto enfatiza a necessidade real de mudar a maneira como a população vive e usufrui dos recursos disponíveis no planeta. Na verdade, o tema tem sido amplamente discutido desde a década de 90.
Atualmente, as cidades são as principais responsáveis pela degradação do meio ambiente e do comportamento consumista daqueles que nelas habitam, colaborando também para o distanciamento das diferentes classes sociais. O interessante é que, de acordo com profissionais de sustentabilidade urbana, serão as próprias cidades que poderão reverter este processo.
A construção civil, por exemplo, produz resíduos e utiliza-se de recursos minerais não renováveis, além de utilizar material tóxico. Só o cimento é responsável de 7% a 10% pela emissão de dióxido de carbono na atmosfera, sendo a terceira maior fonte de emissão deste gás. A primeira é energia elétrica, seguida do transporte. Na área de saneamento, muitas favelas, periferias, pequenos municípios e regiões consideradas rurais, em todo o país, ainda não estão totalmente atendidas nos quesitos água tratada e rede de esgoto.
Para reverter esta realidade, já está em discussão no mundo todo o conceito de construção sustentável, que utiliza tecnologia disponível para o uso de fontes de energia mais eficientes e que reduzem o impacto no meio ambiente, além da adoção de selos que certifiquem obras que atuam dentro de critérios como localização correta, gerenciamento de água e resíduos, materiais e recursos, qualidade do ambiente interno, energia, manutenção, dentre outros. O desafio dos profissionais será o de pensar como obter metrópoles autossuficientes onde as construções funcionarão como verdadeiras fábricas de energia.
E se as cidades não são feitas de pedras e sim de homens, como afirmou no século 15 o filósofo italiano Marsílio Ficino, são estes mesmos homens que precisam despertar para uma nova realidade. O design das cidades precisa mudar. O ensino precisa mudar. O comportamento precisa mudar. O petróleo e a água vão acabar um dia, inevitavelmente, e tudo que se consome está diretamente ligado a estes dois recursos.
Se estes fatos são de conhecimento de todos, por que nos últimos 25 anos, ao invés de reduzir as emissões de gases de efeito estufa na atmosfera, a população mundial aumentou em 50% estas mesmas emissões?
Talvez a resposta não esteja apenas nos estudos técnicos de infraestrutura que possibilitem a preservação do meio ambiente e melhoria na qualidade de vida da população, mas sim num plano, numa espécie de estudo social, que traga informações úteis sobre como fazer a transição do pensamento consumista presente para o pensamento ecológico do futuro.