Dados mostram que economia avança sem desmatamento

Fonte: Engenharia Compartilhada

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Segundo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a taxa anual de desflorestamento na Amazônia teve redução de 80%, o que não impediu expansão da atividade

São Paulo – A ideia de que o desmatamento é sinônimo de desenvolvimento econômico é desconstruída pelos números. Dados oficiais mostram que historicamente a devastação de florestas não se traduziu em crescimento e melhores condições de vida para a população.

Exemplo disso são os estados brasileiros do Norte que abrigam a floresta amazônica. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a taxa anual de desmatamento na região teve uma redução de 80% entre 2004 e 2014, de 27.772 quilômetros quadrados (km²) a 4.448 km².

Nesse período, a economia regional continuou em expansão, mostrando que não há uma relação direta entre desmatamento e crescimento econômico. Os últimos dados disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o Produto Interno Bruto (PIB) do Norte do País se estendem só até 2012. De 2004 até aquele ano, o PIB da região teve um crescimento nominal de 140%, passando de um valor de R$ 96,012 bilhões para 231,383 bilhões, no período.

Já o Banco Central (BC) tem dados mais recentes que mostram que o PIB do Norte se manteve em patamar positivo nos últimos quatro anos.

No acumulado em doze meses até novembro de 2014, a economia da região cresceu 2,7%. No mesmo período de 2013, essa variação foi de 1,7%. Já em 2012 e 2011, as taxas registradas foram de 1,3% e 4,8%, respectivamente.

O pesquisador e fundador da ONG Imazon, Beto Veríssimo, confirma que as variáveis crescimento e desmatamento nem sempre apresentam relação. Em seus estudos sobre a Amazônia, o especialista observou, no entanto, que as regiões desmatadas vivenciam um boom econômico temporário, ocasionado pela extração de madeira e gado, mas colapsam 20 anos depois, sem apresentar crescimento.

Maior patamar

Um estudo de Veríssimo, junto a pesquisadora Danielle Celentano, mostra que, no ano de 2004, quando o desmatamento da Amazônia atingiu o maior patamar da década (27.772 km²), os municípios mais devastados da região apresentavam um PIB 60% menor do que a média de toda a Amazônia brasileira. Além disso, 33% das cidades registraram retração econômica entre os anos de 2000 e 2004, período em que o desmatamento cresceu 50% na região. Em 2000, a área desflorestada era de 18,226 km².

O desmatamento da maior floresta do planeta também não trouxe desenvolvimento social para a região. O Índice de Progresso Social da Amazônia em 2014 foi de 57,31, menor do que a média do Brasil, de 67,73. No acesso à água e saneamento a região também está bem atrás, com pontuação de 35,35, enquanto a média do País é de 74,87. Além disso, Veríssimo diz que o desflorestamento também eleva o índice de conflitos por terra e violência nas regiões.

“As áreas que já foram desmatadas na Amazônia já são suficientes para lidar com a demanda brasileira de produção de carne bovina, de grãos ou de qualquer produção agrícola, principalmente da soja. Essa área corresponde a um espaço 3 vezes maior do que o Estado de S. Paulo. No entanto, cerca de 20% dessas estão abandonadas e subaproveitadas”, informa o pesquisador.

“Além disso, a floresta que ainda está de pé tem valor de mercado. Existem técnicas para manejar a Amazônia sem destruí-la, em se tratando da produção madeireira ou de outros produtos, como o açaí, por exemplo”, acrescenta.

O professor do Núcleo de Economia Agrícola e Ambiental da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Ademar Ribeiro Romeiro, concorda que não é mais preciso desmatar para promover desenvolvimento econômico. Ele diz que o Brasil possui hoje cerca de 90 milhões de hectares com capacidade para abrigar pastagens extensivas, segundo estimativas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Combate

O pesquisador do Imazon avalia que houve avanços no combate ao desmatamento por parte do governo, o que contribuiu para a sua redução.

Em dos documentos da ONG, eles se referem ao Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia, lançado em 2004 pelo governo federal, como uma das ações que contribuíram para a diminuição de 80% do desflorestamento da região.

Apesar disso, números atuais mostram que o desmatamento não é um caso superado. Dados do Imazon mostram que, em março deste ano, foram desmatados 58 km² na Amazônia, um aumento de 195% em relação a março de 2014 quando o desflorestamento somou 20 km². Grande parte da devastação se concentrou no Mato Grosso (76%) e Amazonas (13%), com menor ocorrência em Rondônia (8%), Tocantins (2%) e Pará (1%). Já o desmatamento acumulado no período de agosto de 2014 a março de 2015, atingiu 1.761 km², um aumento de 214% do desmatamento em relação ao período anterior, quando atingiu 560 km².

Para o professor da Unicamp ainda há muito que avançar. “O Estado precisa recuperar a sua capacidade de gerir o acesso às terras públicas. Ainda há muita apropriação ilegal na Amazônia, um espaço que presta um serviço de ecossistema muito importante para gerações futuras.”

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About Alexandre Lara

Alexandre Fontes é formado em Engenharia Mecânica e Engenharia de Produção pela Faculdade de Engenharia Industrial FEI, além de pós-graduado em Refrigeração & Ar Condicionado pela mesma entidade. Desde 1987, atua na implantação, na gestão e na auditoria técnica de contratos e processos de manutenção. É professor da cadeira de "Operação e Manutenção Predial sob a ótica de Inspeção Predial para Peritos de Engenharia" no curso de Pós Graduação em Avaliação e Perícias de Engenharia pelo MACKENZIE, professor das cadairas de Engenharia de Manutenção Hospitalar dentro dos cursos de Pós-graduação em Engenharia e Manutenção Hospitalar e Arquitetura Hospitalar pela Universidade Albert Einstein, professor da cadeira de "Comissionamento, Medição & Verificação" no MBA - Construções Sustentáveis (UNIP / INBEC), tendo também atuado como professor na cadeira "Gestão da Operação & Manutenção" pela FDTE (USP) / CORENET. Desde 2001, atua como consultor em engenharia de operação e manutenção.
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