Consumo de aparelhos condicionadores de ar e a crise energética brasileira

Fonte: HVAC Mercosul

Acesse aqui a matéria em sua origem.

Porta-voz do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável, do Comitê Temático Energia, e coordenador do Labeee (Laboratório de Eficiência Energética em Edificações), na Universidade Federal de Santa Catarina, o engenheiro Roberto Lamberts apresenta desafios e soluções no atual cenário de crise energética brasileira.

A partir de recente publicação sobre o consumo de aparelhos condicionadores de ar no Brasil, Roberto Lamberts aponta a importância de priorizar o aumento da eficiência energética dos equipamentos com o estímulo à entrada de produtos mais eficientes no mercado e, também, investir em educação para o consumo racional de energia.

 

Em um país como o Brasil, com cerca de 71% da energia produzida a partir de matriz hidrelétrica, a necessidade de reduzir a dependência em relação ao uso da água pela diversificação da matriz energética e a busca por uso racional de energia ficam cada vez mais evidentes. A atual escassez de chuvas, o baixo nível de reservatórios de água no país e o aumento da renda média da população agravam, de forma explícita, o cenário de demanda crescente e abalo da segurança da oferta de energia.

O Brasil é o 9º maior consumidor de energia elétrica do mundo e o estudo da projeção do consumo para os próximos anos aponta continuidade da tendência de crescimento, com uma elevação em cerca de 55% (EPE, 2011). Grande parte dessa energia, assim como na maioria dos países do mundo, é destinada ao condicionamento artificial do ar. O Brasil figura, também, como o 5º maior comprador mundial de condicionadores de ar, considerando os aparelhos de janela e splits. Tal demanda tem se elevado rapidamente nos países desenvolvidos e ainda mais nas economias emergentes de clima quente. No ano de 2005, o condicionamento ambiental já representava 20% do consumo de energia elétrica no setor residencial brasileiro e 47% no setor comercial (ELETROBRÁS, 2009).

Desde 2001, o Brasil possui mecanismos legais para direcionar a política nacional de conservação e uso racional de energia. Porém, apenas em 2007 foi aprovada uma regulamentação específica de condicionadores de ar, estabelecendo níveis mínimos de coeficiente de eficiência energética. Tal coeficiente é a razão entre a capacidade total de refrigeração (expressa em Watts) e a potência elétrica demandada (expressa em Watts). Em 2011, nova regulamentação foi publicada alterando as exigências com o objetivo de elevar os índices mínimos.

A elevação do desempenho dos equipamentos é uma necessidade evidente, tendo em vista o atual panorama energético nacional. Porém, o nível mínimo estabelecido na regulamentação brasileira ainda se mostra tímido se comparado ao praticado em outros países. Os atuais níveis mínimos exigidos pela legislação nacional são compatíveis apenas com o apresentado atualmente na Índia e com o que havia na China em 2004. A China, porém, em 2010 já elevou tal valor, e vários outros países analisados já apresentam dados superiores aos brasileiros.

Uma análise a respeito de condicionadores tipo split demonstra que economias como União Europeia, China e Japão comercializam produtos com eficiência muito superior aos melhores equipamentos brasileiros. O aparelho mais eficiente no Brasil apresenta coeficiente de eficiência energética de 4,79 W/W. Já na China, país de onde são importados grande parte dos condicionadores de ar consumidos no Brasil, há equipamentos com valores superiores a 6,0 W/W, e no Japão tal coeficiente ultrapassa 6,5 W/W.

No Brasil, apesar da tendência de redução do uso de condicionadores do tipo janela, é importante manter o diálogo com a indústria, de forma a elevar os níveis mínimos de eficiência. Quanto aos splits, é imprescindível e urgente a determinação de níveis mínimos de eficiência mais elevados, impulsionando o mercado a privilegiar os melhores equipamentos. É também importante a adoção do coeficiente de eficiência energética sazonal como parâmetro na regulamentação brasileira para favorecer os equipamentos com tecnologia inverter, notadamente mais eficientes que os convencionais.

Leia a publicação na íntegra e acesse números e dados complementares em: http://cb3e.ufsc.br/sites/default/files/projetos/etiquetagem/nota-tecnica-niveis-minimos-ar-condicionado.pdf

PORTA-VOZ: Conselheiro e coordenador do Comitê Temático de Energia do CBCS – Conselho Brasileiro de Construção Sustentável, o engenheiro civil Roberto Lamberts é também coordenador do Labeee (Laboratório de Eficiência Energética em Edificações), na Universidade Federal de Santa Catarina, onde supervisiona projetos de pesquisa com ênfase em eficiência energética, bioclimatologia e conforto térmico. PhD em Engenharia Civil pela University of Leeds – UK.

Avatar de Desconhecido

About Alexandre Lara

Alexandre Fontes é formado em Engenharia Mecânica e Engenharia de Produção pela Faculdade de Engenharia Industrial FEI, além de pós-graduado em Refrigeração & Ar Condicionado pela mesma entidade. Desde 1987, atua na implantação, na gestão e na auditoria técnica de contratos e processos de manutenção. É professor da cadeira de "Operação e Manutenção Predial sob a ótica de Inspeção Predial para Peritos de Engenharia" no curso de Pós Graduação em Avaliação e Perícias de Engenharia pelo MACKENZIE, professor das cadairas de Engenharia de Manutenção Hospitalar dentro dos cursos de Pós-graduação em Engenharia e Manutenção Hospitalar e Arquitetura Hospitalar pela Universidade Albert Einstein, professor da cadeira de "Comissionamento, Medição & Verificação" no MBA - Construções Sustentáveis (UNIP / INBEC), tendo também atuado como professor na cadeira "Gestão da Operação & Manutenção" pela FDTE (USP) / CORENET. Desde 2001, atua como consultor em engenharia de operação e manutenção.
Esta entrada foi publicada em Artigos Tecnicos, Eficiência Energética e marcada com a tag . Adicione o link permanente aos seus favoritos.

Deixe um comentário