Vai um pastel de queijo ou carne?

Algo me diz que muitos associarão o tema acima à velha e conhecida história do “é pra ontem!”, fato que vem incomodando os profissionais de operação e manutenção desde que “chave inglesa” virou “chave de engenheiro” e lugar da manutenção passou a ser próximo de estações de tratamento ou algo do tipo.

Ao contrario, vamos tratar hoje de um outro tipo de pastel……o pastel interno. É isso mesmo, não estou me referindo ao pastel que devera servir ao cliente apressado ou ansioso, mas sim, do pastel que deverá atender aos anseios do gestor, supervisor, gerente ou diretor.

Um belo exemplo disto é a precária utilização de sistemas informatizados de gestão no dia a dia da operação e manutenção. Moldado ainda na era da planilha de manutenção elaborada em papel vegetal (escrita a nankin) e “heliografada” para ficar exposta na área de manutenção, aprendi com bons profissionais com quem trabalhei na industria que todo o cuidado era pouco na escolha e detalhamento dos formulários de trabalho e, principalmente, na tratativa que se daria ao retorno destes formulários e relatórios preenchidos, vindos do campo.

É verdade também que existia uma outra estrutura à nossa disposição, normalmente composta por supervisores para as diferentes modalidades de operação e manutenção, uma equipe dedicada apenas ao planejamento e controle e ainda equipes especificas que estudavam a implantação de novidades, a exemplo da preditiva envolvendo a análise de vibração.

Lamúrias a parte, esta era uma outra época, que apesar de contar com uma certa abundância em recursos (evidentemente que dependendo da empresa e de sua visão / nível de investimentos), já contava também com ineficiências, não somente nos trabalhos em campo, como também em seus processos de gestão.

Vieram então as planilhas de programas como o Lotus 123 e posteriormente os sistemas informatizados de gestão, que foram se aprimorando ao longo dos anos, incluindo a flexibilização entre a sua aplicação na industria e na área de edificações comerciais e varejo, o que hoje é genericamente denominado como manutenção predial.

Para quem se lembra do vegetal e das planilhas eletrônicas, o sistema informatizado foi uma enorme “benção”, dando ao gestor um verdadeiro pacote de ferramentas para o seu trabalho: gerir com competência a área de operação e manutenção.

No entanto (e é justamente aí que entra o pastel à ser servido internamente), apesar de termos hoje no mercado uma gama de bons sistemas, incluindo a disponibilização de sistemas gratuitos que certamente ajudam àqueles que nao terão como investir neste momento, vemos em larga escala o seu mau uso e, principalmente, resultados muitas vezes inócuos, que pouco ajudam do processo de gestão.

Mas como isto pode ocorrer se temos hoje ferramentas que nos possibilitem gerir melhor e de forma mais eficaz a nossa estrutura?

Talvez outros tenham visões diferenciadas, mas costumo atribuir estes maus resultados ao “pastel de carne ou queijo” que se negocia internamente na manutenção…pois….

Quantos de fato estruturam previamente a sua área de manutenção para um processo de informatização?

Quantos buscam auxilio e conhecimento de boas praticas no sentido de escolherem os melhores KPIs e SLAs para a sua operação, antes do processo de informatização?

Quantos traçam suas metas e objetivos para o setor, possibilitando ao gestor enxergar os caminhos para trilhar?

Quantos revisam o seu cadastro de equipamentos e sistemas, adequando tambem os planos de trabalho de modo à trazer-lhes uma maior confiança no processo de manutenção?

Quantos buscam conhecimento por ferramentas de confiabilidade, aplicáveis aos seus processos, suas realidades?

E por fim, quantos têm as respostas acima no momento de buscar parceiros e desenvolvedores de sistemas informatizados, de maneira que tais informações pautem os processos de escolha do sistema, de contratação, de custodiarão e de implantação?

O software de gestão é apenas uma ótima e necessária ferramenta, que necessitará de todo um planejamento / de uma engenharia de manutenção e de uma equipe local dedicada e capacitada.

A questão é que muitos não têm claro os passos necessários ou preferem não aguardar / investir tanto tempo e dedicação.

Afinal, magicas não existem; não é?

Qual pastel vai querer….de carne ou queijo?

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About Alexandre Lara

Alexandre Fontes é formado em Engenharia Mecânica e Engenharia de Produção pela Faculdade de Engenharia Industrial FEI, além de pós-graduado em Refrigeração & Ar Condicionado pela mesma entidade. Desde 1987, atua na implantação, na gestão e na auditoria técnica de contratos e processos de manutenção. É professor da cadeira de "Operação e Manutenção Predial sob a ótica de Inspeção Predial para Peritos de Engenharia" no curso de Pós Graduação em Avaliação e Perícias de Engenharia pelo MACKENZIE, professor das cadairas de Engenharia de Manutenção Hospitalar dentro dos cursos de Pós-graduação em Engenharia e Manutenção Hospitalar e Arquitetura Hospitalar pela Universidade Albert Einstein, professor da cadeira de "Comissionamento, Medição & Verificação" no MBA - Construções Sustentáveis (UNIP / INBEC), tendo também atuado como professor na cadeira "Gestão da Operação & Manutenção" pela FDTE (USP) / CORENET. Desde 2001, atua como consultor em engenharia de operação e manutenção.
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1 Response to Vai um pastel de queijo ou carne?

  1. Avatar de Abrantes Abrantes disse:

    Lara, muitos acham que ao adquirir um software de gestão estarão resolvendo todos os problemas da sua falta de gestão!!! Na verdade, em alguns casos, tem-se que trocar a mentalidade do gestor, para que ele comece certo desde o começo e faça do software somente um meio de se melhorar os processos. Parabéns pela abordagem! FAbrantes

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