O “cara de oitocentos real”

Existem situações que alem de nos fazerem rir, nos fazem pensar…

Recentemente, durante uma conversa com um cliente, no momento em discutíamos a má qualidade da manutenção que acabávamos de verificar em campo, ouvi a seguinte frase:

“Alexandre, mais difícil do que elaborar procedimentos e planos de trabalho, é o fato de entregarmos as nossas operações ao “cara de oitocentos real”, esperando que ele cumpra todos os procedimentos de trabalho e de segurança.”

É obvio que este colega não se referia ao profissional em si, mas sim, àquelas operações onde a prioridade é basicamente o custo operacional, ou seja, onde a preocupação principal paira sobre a montagem de uma estrutura e de um contingente de baixo custo, sem grandes e ou necessários investimentos e sem um processo de seleção de pessoal adequado.

Neste caso, sem considerar a preocupação com a formação técnica, com a experiência do profissional em operações similares e de mesmo grau de criticidade e atenção, assim como a preocupação em relação ao indivíduo, sua personalidade, cuidados com a aparência e o dom / perfil para o trabalho em equipe e no relacionamento com os clientes, torna-se realmente difícil esperar resultados à curto prazo.

Aliás, se o mesmo que o contratar não vier à se preocupar com a sua capacitação e preparação para desempenhar bem a função (gestão da informação), não haverá como esperar resultado algum.

Existe uma frase muito antiga que geralmente é repetida em reuniões e em falas de alguns gestores, referindo-se ao fato das “pessoas serem a principal ferramenta para o sucesso da operação e manutenção”.

Existe ainda uma outra frase igualmente antiga que diz algo assim: “Salário não é tudo; tem que se olhar o todo…”.

Ambas as frases são corretas, se o gestor e sua empresa realmente as levarem à sério.

Enfim, a verdade é que não há como se vencer um campeonato com um time montado por maus profissionais / atletas, assim como também não há como se assegurar o campeonato com um time de estrelas sem preparo, sem estratégias e uma organização de jogo.

Se uma empresa se preocupa apenas em contratar o “cara e oitocentos real”, visando tão somente respeitar o seu limite de custo operacional e sem se preocupar com a qualidade, segurança, meio ambiente e confiabilidade em sua operação, não há como esperar milagres, não é verdade?

Uma boa semana e boa reflexão!

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About Alexandre Lara

Alexandre Fontes é formado em Engenharia Mecânica e Engenharia de Produção pela Faculdade de Engenharia Industrial FEI, além de pós-graduado em Refrigeração & Ar Condicionado pela mesma entidade. Desde 1987, atua na implantação, na gestão e na auditoria técnica de contratos e processos de manutenção. É professor da cadeira de "Operação e Manutenção Predial sob a ótica de Inspeção Predial para Peritos de Engenharia" no curso de Pós Graduação em Avaliação e Perícias de Engenharia pelo MACKENZIE, professor das cadairas de Engenharia de Manutenção Hospitalar dentro dos cursos de Pós-graduação em Engenharia e Manutenção Hospitalar e Arquitetura Hospitalar pela Universidade Albert Einstein, professor da cadeira de "Comissionamento, Medição & Verificação" no MBA - Construções Sustentáveis (UNIP / INBEC), tendo também atuado como professor na cadeira "Gestão da Operação & Manutenção" pela FDTE (USP) / CORENET. Desde 2001, atua como consultor em engenharia de operação e manutenção.
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2 Responses to O “cara de oitocentos real”

  1. Avatar de José márcio Gonçalves José márcio Gonçalves disse:

    É isso ai Alexandre Lara! redução de custos é muito importante e deve ser objetivo de qualquer gestor de manutenção. Mas é muito importante que o perfil do profissional não seja incluído nessa redução, porque o resultado, sempre, é gastar mais com paradas não programadas!
    Abraço.

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